Eu não sei como me sinto, a tremer talvez, assustada, não consigo para de tremer, não consigo, sinto as mãos fracas, quase não as sinto, custa clicar nas teclas do teclado, sei lá, sinceramente estou assustada e a tremer, não consigo explicar, acho que nunca me sinti assim... triste de uma maneira diferente
Seja como for, hoje trago o segundo capítulo de Nova dragão na escola e a ilustração:
Capítulo II
Dizem que Monster High é uma das
poucas escolas, senão mesmo a única, em que se pode arriscar e ser único,
sermos nós mesmos e continuarmos o que somos.
Diana já estava pronta, desde que o
pai aprovou a ideia de poder ir para Monster High passara o tempo todo a pensar
na roupa que iria usar, neste dia tão especial, e decidiu usar algo diferente,
ser mais ousada, algo que antes não era. Mal tinha dormido só para se arranjar,
tinha de estar tudo perfeito, desde as botas pretas de cano alto aos rasgões
perfeitos nas calças de ganga, desde a t-shirt minúscula à maquilhagem
vermelha-bordô. Estava perfeita para ser um marco em Monster High.
-Já chegamos, menina Dragon. – disse
educadamente Garlfredo enquanto parava o carro à frente dos portões de ferro da
escola – Depois a irei buscar quando as aulas acabarem.
- Não é preciso, eu já sei o caminho,
e assim posso exercitar um pouco as minhas asas. – respondeu Diana, enquanto
olhava para as asas rebaixadas, ao sair do carro
-Como queira, mas se mudar de ideias
basta telefonar-me a avisar e logo a irei buscar – sugeriu o mordomo enquanto
as suas mãos de pedra pousavam sobre o volante de ossos, e retomava viagem
Diana sorriu, e ao virar-se paralisou
com o que via. Monster High estava mesmo à sua frente, grande, antiga e cheia
de monstros de todos os tipos e feitios. Sentiu os nervos a apoderarem-se da
grande confiança que tinha ‘’Eu consigo, basta continuar em frente, só tenho de
ser corajosa, a entrada é mesmo à frente’’, era só alguns passos até à entrada
principal, só tinha de não dar atenção ao formigueiro que sentia na barriga e à
cauda a tremer com os nervos. Mas isso era o mínimo, o pior era a quantidade de
alunos que estavam a olhar para ela, já começava a ficar com a respiração
acelerada, só lhe apetecia escutar o que os monstros diziam dela. Mas tinha de
fixar no alvo, a entrada.
Só mais alguns passos, só mais alguns
degraus, e… e… e já estava dentro de Monster High. Finalmente.
Os corredores estavam lotados de
alunos, falavam, riam. Um ambiente muito acolhedor, e achava muita graça à
decoração colorida da escola. Cacifos cor- de- rosa com um cadeado em forma de
caveira, paredes pintadas de verde, e um pavimento xadrezado. Uma grande
quantidade de teias-de-aranha pendia do tecto que lhe davam um certo toque de
assombrosa. Agora já não sentia o formigueiro na barriga escamosa, agora só
tinha uma grande vontade de dar um gritinho de felicidade, como quando
conseguimos algo que sempre quisemos.
Mas preferiu gritar para si, agora o
problema mesmo era saber onde fica a sala, ‘’Bem que podiam dar um mapa de vez
em quando, estes corredores parecem todos iguais!’’. A pior coisa que pode
acontecer é ser a nova aluna e chegar tarde, a única coisa que queria era ser a
primeira a entrar na sala e ficar num quanto bem lá no fundo, mas já estava a
ficar tarde, e por mais que detestasse perguntar o caminho a alguém, era a
única coisa que podia fazer. Mas a quem? Todos os alunos estavam concentrados
nas suas conversas. Aproximava-se de grupinhos de monstros que conversavam para
ver se alguém reparava nela, mas era como se fosse do tamanho de uma formiga,
de uma insignificante e desprezada formiga. É claro que era muito mais fácil
bater as suas asas com muita força, e escrever em chamas ‘’Alguém me diz onde
são as salas de décimo ano?’’, mas se o fizesse só iria arranjar problemas e
ter de ouvir um monte de reclamações por parte dos alunos, mesmo assim se
chegar atrasada também iria arranjar problemas… vendo bem não é má ideia.
Nesta procura reparou que um grupinho
de 3 werecats a fitava com os seus olhos estreitos de gato. ‘’Finalmente que
alguém repara em mim!’’, pensa alegremente Diana enquanto se dirige na direcção
das três felinas.
-Já viram a nossa nova colega, miau!
– exclamou a werecat de cabelo ruivo, com um casaco de cabedal cheio de picos –
é só mais uma convencida atrevida nesta escola. – terminou dizendo isso à
amigas gémeas, enquanto Diana estava mais atrás. Sentiu-se a paralisar, era
mesmo isso que pensavam dela?
-Toralei! – interrompeu uma monstra
de pele cor-de-menta e cozeduras, e cabelo preto e branco, que também tinha
ouvido a conversa – É só uma nova aluna, todas nós já fomos! – protestou a
lindíssima rapariga de vestido e gravata
-Eu também concordo com a Toralei,
Frankie. – contrariou a lobisomem de cabelo castanho comprido cheio de volume,
que acompanhava a tal Frankie
-Eu sei que o que vou dizer é
incredível, mas também concordo com a Toralei – admitiu uma múmia requintada
com um certo tom de superioridade
-Mas porque é que estão todas contra
a nova aluna? Nós nem sequer a conhecemos. – protestou Frankie cheia de
confiança
-Encara a realidade Frankie, tu
também a viste, ela é o que a Toralei disse – respondeu a lobisomem por entre
os seus longos e salientes caninos
Nesse momento Diana passou ao lado
delas. Era notável a sua frustração pelos passos cheios de firmeza. Sentia-se
em chamas por dentro, estava realmente indignada. Só estava há uns vinte minutos
em Monster High e já estava arrependida de ter vindo, não era a recepção
calorosa que tinha imaginado.
A bela montrinha de olhos bicolores
chamada Frankie tentou ir ao seu encontro, mas a lobisomem de saia roxa
impediu-a, agarrando-lhe no braço cor-de-menta.
-Mas Clawdeen, devíamos pedir desculpa!
– afirmou Frankie extremamente arrependida pelos comentários das amigas.
-Primeiro não és tu que irias pedir
desculpa… - disse Clawdeen fitando Frankie com os seus grandes olhos amarelos
que contrastavam com o sombreado lilás - … segundo, nós só dissemos a verdade,
não foi nenhuma mentira – terminou Clawdeen largando o braço de Frankie. A
múmia também acenara a cabeça de acordo com o que a lobisomem dissera, enquanto
as werecats continham risos.
Diana não ligou mais à conversa,
continuara a caminhar, ela própria iria encontrar a sala. Sentia-se como o
mundo tivesse desabado sobre si, como se fosse o ser mais insignificante do
planeta. ‘’Será que é assim mesmo que os monstros pensam de mim, eu não sou
assim como elas pensam, eu… eu só quis arriscar…’’ começou a soluçar no meio do
corredor cheio de alunos, apesar disso continuavam a andar como se ela não
estivesse ali, olhou para a roupa que vestia ‘’Eu não sou assim.’’, pensou
enquanto uma pequena lágrima escorria-lhe pelas pequenas escamas da face, sentia-se
a sofrer. Os dragões são criaturas que aguentam qualquer ferida, mas quando
algo lhes toca interiormente, são dos seres que mais sofrem. Queria parar de
chorar mas não conseguia, enxugava as lágrimas dos olhos mas só conseguia com
isso era a mão cheia de rímel, estava num estado miserável.
Nesse momento sentiu um flash de uma
câmara fotográfica atrás sobre si. Virou-se rapidamente, quem é que podia achar
graça a tirar uma fotografia num momento daqueles? Ao virar-se outro flash
incidiu em cheio nos olhos.
-Mas que raio!? – exclamou Diana
enquanto tentava abrir os olhos. Não conseguiu ver muito do fotógrafo
intrometido, mas reparou num longo cabelo violeta de uma figura pálida e
fantasmagórica – Se eu te apanho vais ouvir uma das boas!
Ainda a tentar abrir os olhos, bateu
com o nariz contra a porta de um cacifo cor-de-rosa que estava aberto.
-Au! – exclamou enquanto tocava na
cana do nariz dorido – Toma mais cuidado, este dia não está a correr nada bem,
sabias!
-Oh desculpa, peço muitas desculpas a
sério! – desculpava-se um rapaz ao fechar a porta do cacifo.
Noutra ocasião Diana teria feito uma
rasteira com a cauda ao rapaz, mas estava deslumbrada com o rapaz do cacifo,
sentia o coração acelerado e apesar de não dar para reparar, estava a corar.
Era o monstro mais lindo que alguma vez vira, estava completamente paralisada,
não conseguia dizer nada, era como se uma áurea de alegria a rodeasse.
-Olha deixas-te cair isto! – disse o
rapaz enquanto ajuntava uma pulseira grosa metalizada. Pegou na mão escamosa
mas delicada de Diana e colocou-lhe a pulseira ao mesmo tempo que evitava
tocar-lhe com as longuíssimas unhas de papão.
Oh…o…Obrigada. – gaguejou Diana
enquanto remexia nuns fios de cabelo soltos do rabo-de-cavalo que pendiam à
frente da cara, ao mesmo tempo que tentava desviar o olhar dos lindos e
intensos olhos azuis turquesa ou do lindo sorriso com os caninos salientes do
rapaz. Já tinha ganho o dia.
-Eu peço desculpa mas eu ficava aqui
contigo, mas tenho de me despachar, a minha sala fica muito longe daqui. – disse
o rapaz honestamente enquanto se despedia – Vemo-nos por aí! – e continuou a
andar pelo longo corredor recheado de cacifos –oh e não ligues à Spectra, ela
está sempre a tirar fotografias para o blog dela!
Diana não conseguia tirar os olhos do
rapaz que nem sabia o nome. Aquele sorriso, o cabelo cor-de-avelã volumoso, o
rosto perfeito com um sorriso que fazia esquecer todas as crueldades do mundo.
Era como estivesse nos belos bosques repletos de fadas e borboletas encantadoras
que visitara em criança, era a mesma felicidade, a mesma emoção, só que desta
vez estava apaixonada.
Então o que é que acharam? Gostaram?